Quando o assunto é consumo, o brasileiro está cada vez mais digitalizado. Segundo o estudo Brasilidades, realizado pela MindMiners com 2.400 pessoas de todas as regiões e classes ABC do país, 61% dos entrevistados afirmam que fazem compras online com frequência. A praticidade e a autonomia na jornada de compra se consolidam como prioridades, acompanhadas por um forte desejo de representatividade regional nas marcas. Além disso, 51% dos brasileiros acreditam que existem marcas que são “a cara” do Brasil. Entre as mais citadas, destacam-se:

Natura (10%);
Havaianas (7%);
Petrobras (6%);
Guaraná Antárctica (2%);
O Boticário (2%).
Essas empresas, cada uma em seu segmento, conseguem traduzir valores e símbolos que remetem à cultura, ao estilo de vida e à identidade do país, tornando-se referências não apenas no mercado, mas também no imaginário coletivo dos brasileiros. Mais do que vender, essas marcas se conectam emocionalmente com o público — e é aí que mora o segredo para a recorrência nas compras.
A presença dessas marcas no topo do ranking demonstra como elas conseguem criar vínculos afetivos, seja por meio de produtos icônicos, pela valorização da brasilidade ou por sua história e impacto social e ambiental. O consumidor sente que essas marcas falam sua língua, e isso gera confiança, afinidade e, principalmente, fidelização.
📱 O celular é o principal canal de compras
Outro dado importante revelado pela pesquisa é que o celular é o centro da jornada digital. Cerca de 72% dos entrevistados o utilizam como principal meio de acesso a bancos e serviços, e ele também lidera como canal de compras.
Nesse cenário, os marketplaces se consolidam como os ambientes preferidos. A Shopee aparece como favorita de 33% dos consumidores, seguida por Mercado Livre (19%) e Amazon (16%). Essas plataformas conquistaram o público oferecendo uma combinação de preço, variedade e entrega eficiente, além de uma experiência de compra otimizada para o mobile. No entanto, estar nesses ambientes não garante compras recorrentes por si só. É preciso ir além da vitrine e da transação. O foco deve estar em experiência, relacionamento e diferenciação.
💸 Pagamento fácil, mas com propósito
Facilidade na hora de pagar também é fundamental. O Pix domina com folga, sendo utilizado por 73% da população. Em seguida vêm as carteiras digitais (60%), dinheiro (53%), cartões de crédito (42%) e débito (11%). Esses números mostram que o consumidor digital quer autonomia e agilidade — mas isso não é tudo. Existe uma nova camada de expectativa surgindo. O consumidor atual quer mais do que apenas bons preços e entrega rápida: ele quer propósito.
Veja os dados:
- 68% defendem salários justos e boas condições de trabalho;
- 67% esperam incentivo à diversidade e inclusão;
- 57% valorizam investimentos em educação e capacitação;
- 48% comprariam mais de marcas que representassem melhor sua região.
Esses números revelam um consumidor mais consciente, mais exigente e mais engajado com causas sociais. Marcas que ignoram isso correm o risco de serem vistas como genéricas ou desatualizadas. Por outro lado, aquelas que se posicionam com autenticidade e responsabilidade ganham espaço — e o mais importante: ganham recorrência.
🔁 Como incentivar compras frequentes?
Uma das grandes perguntas do e-commerce é: como transformar um comprador pontual em um cliente recorrente? A resposta está em relacionamento e percepção de valor contínuo. Confira algumas estratégias que funcionam:
1. Pós-venda ativo
Não desapareça depois da venda. Envie e-mails personalizados agradecendo pela compra, sugerindo novos produtos com base no histórico ou até oferecendo conteúdo que ajude o cliente a aproveitar melhor o que comprou.
2. Descontos para a segunda compra
Oferecer um cupom para a próxima compra cria um gatilho de retorno. É simples, eficaz e pode aumentar consideravelmente o LTV (Lifetime Value) do cliente.
3. Programa de fidelidade
Pontos acumulativos, cashback, brindes surpresa — qualquer incentivo que premie a fidelidade tende a funcionar bem, especialmente se for fácil de usar e comunicar.
4. Campanhas com apelo regional
Se você vende para diferentes regiões, personalize as campanhas com elementos locais. Isso gera conexão imediata. Pode ser uma expressão típica, uma referência cultural, uma data comemorativa regional ou até uma parceria com um influenciador local.
5. Storytelling com valores compartilhados
Histórias conectam. Use o storytelling para mostrar como sua marca se alinha com os valores do seu público: sustentabilidade, representatividade, acessibilidade, cultura local, etc. Quanto mais o consumidor se sentir representado, mais chances ele tem de voltar.
6. Atendimento excepcional
Experiências ruins afastam. Já um atendimento que resolve, acolhe e surpreende cria embaixadores da marca. Treine sua equipe para ir além do script.
💡 Oportunidade para lojas menores
Um dos dados mais reveladores da pesquisa é que 60% dos entrevistados disseram não conhecer marcas que representem bem sua região. Isso representa uma grande oportunidade para lojas locais e marcas independentes.
Existe uma lacuna de identidade regional que pode (e deve) ser preenchida por negócios atentos às características, sotaques, hábitos e necessidades do seu público local. Em um mercado saturado de grandes players, ser autêntico, próximo e relevante pode ser o diferencial competitivo necessário para crescer e fidelizar.
Aposte em elementos que gerem identificação, como:
- nomes de produtos que remetam à cultura local;
- embalagens com linguagem e design regional;
- influenciadores e creators da própria cidade ou estado;
- uso de expressões e gírias na comunicação;
- causas locais como parte do propósito da marca.
📊 Fidelizar é mais barato que conquistar
Atrair um novo cliente custa entre 5 a 7 vezes mais do que manter um já existente. E mais: clientes recorrentes gastam até 67% a mais do que os novos, segundo dados de mercado. Por isso, se o seu e-commerce ainda foca mais em tráfego frio do que em relacionamento com a base, talvez seja hora de rever a estratégia.
A recorrência nasce da soma de vários fatores:
- experiência positiva de compra;
- identificação com a marca;
- comunicação constante e relevante;
- entrega de valor contínuo;
- confiança.
Quando esses elementos estão presentes, o cliente volta — e muitas vezes, sem nem pensar duas vezes.
Conclusão: fidelizar é entender o que importa para o cliente
No e-commerce moderno, ter compras frequentes não depende só de preço ou praticidade, mas de uma equação mais complexa: valores, pertencimento, experiência e relacionamento.
Marcas que compreendem isso e adaptam suas estratégias com base nos novos comportamentos e expectativas dos consumidores não apenas aumentam suas vendas, mas constroem um negócio sustentável, forte e conectado com a realidade do seu público.
O futuro da recorrência está nas mãos de quem entende que vender bem é, acima de tudo, se relacionar bem.